7.2.07

O naufrágio da Nazaré, o mau exemplo português e a ETA

9 de Janeiro – Falemos desta vergonha portuguesa em que se traduz o naufrágio da Nazaré. À vista da praia, à vista da terra, um a um, os tripulantes do navio foram sendo engolidos pelo mar. O Ministério da Defesa mandou proceder a um inquérito que, certamente será arquivado. A verdade é que demorou hora e meia a chegar um helicóptero que poderia ter salvo aqueles homens. Quer queiram ou não, há uma versão de Portugal que nos envergonha. A TV do Estado, sempre fiel aos seus, no seu telejornal, demora a falar do caso. Começa com Saddam. Passa pela ETA. Antes de falar do naufrágio da Nazaré, resolveu falar de um naufrágio na Indonésia. E o naufrágio da Indonésia teve tanto tempo de antena como o naufrágio da Nazaré. E uma "reportagem" de bolo rei teve mais tempo do que a reportagem sobre os homens que morrem porque foram abandonados pelo seu Estado. Depois, uma reportagem sobre ginásios e dietas ocupou cerca de 5 minutos. É justo: despacharam a Nazaré num único minuto. Está certo, sim senhora. Quem morreu afinal? Meros pescadores, labregos sem importância. Ah, afinal ainda se vai falar outra vez de Saddam. Claro: culpar os americanos pelo mal do mundo é mais fácil do que culpar alguém dentro de portas.


10 de Janeiro - A Comissão Europeia (CE) está a utilizar o caso português como exemplo a não seguir no alerta que está a enviar aos futuros países-membros da União Europeia. O artigo é publicado pela Direcção-Geral de Economia e Finanças da Comissão Europeia, intitulado «Explosão e recessão em Portugal: lições para os novos membros do euro», no qual são sistematizados os erros cometidos pelo nosso País na fase imediatamente a seguir à entrada na união económica e europeia, em 1999.
Tomando por base estes erros, a CE retira cinco ensinamentos que devem ser seguidos pelos países que vierem a entrar na Zona Euro – em caso de forte crescimento da procura interna, seguir uma política orçamental restritiva; cuidado com os erros de sobreavaliação do crescimento do PIB nas fases altas do ciclo; aproveitar o maior dinamismo da procura interna para acelerar, e não adiar, reformas estruturais; manter controlado o crescimento dos salários; apertar a supervisão prudencial sobre os mercados financeiros.
11 de Janeiro – Em Espanha, por altura dos Reis, os pais contam aos filhos a seguinte história: A ETA faz maldades; Ninguém quer brincar com a ETA; Chega o menino Zapatero; A ETA é má porque nenhum menino quer brincar com ela; Zapatero começa a brincar com a ETA; A ETA promete não fazer mais maldades; A ETA diz que o menino Zapatero não quer brincar da maneira certa; A ETA está a ficar chateada porque o menino Zapatero não lhe dá os brinquedos; A ETA faz maldades. É para eles verem; O menino Zapatero também já não quer brincar com a ETA.


12 de Janeiro - A lei da pesca proíbe a pesca a menos de 100 metros de esgotos. Mas quais esgotos? A acreditar na propaganda socialista, não existem esgotos a ser lançados nos rios ou no mar. Ah, e também passa a ser proibido pescar a menos de 10 menos do pescador mais próximo. Imagina-se que esta lei vise proteger as espécies piscícolas do perigo que representam dois anzóis demasiado próximos. Ou então o legislador pretendia apenas impedir que dois pescadores passem uma tarde inteira a tentar pescar o mesmo peixe.

14 de Janeiro – O ministro da Saúde concluiu que não era necessário abrir qualquer tipo de inquérito a propósito do caso de Odemira. E defendeu a decisão num documento que incluía este argumento verdadeiramente extraordinário: mesmo que o homem tivesse demorado menos de seis horas a chegar ao hospital, o mais certo era que, em função dos traumatismos que sofreu, morresse de qualquer maneira. Esta é, no mínimo, uma visão arrojada: decide-se a competência de uma assistência médica pela autópsia do assistido. Não tenham dúvidas, deste modo a despesa pública vai descer consideravelmente. E quando sair do ministério tem já emprego assegurado num bom cangalheiro. Por favor, não sorriam, o assunto é sério…

16 de Janeiro – No momento em que escrevo a Av 25 de Abril está condicionada pela 16ª vez. Dizem-me que os 1ª, 4º, 8º e 12º buracos são da responsabilidade da empresa A, os 2º, 5º, 9º e 13º buracos foram da responsabilidade da empresa B, os 3º, 6º, 10º e 14º buracos foram da responsabilidade da empresa C. Finalmente os 7º, 10º, 11º , 15º e 16º foram feitos para confirmar as obras feitas pelas três empresas. Na Finlândia as coisas também se passarão assim?