6.1.08

O cozinheiro com HIV e a velha notícia

23 de Novembro - Um cozinheiro infectado com HIV, que trabalhava num dos hotéis do grupo Sana, foi despedido em 2003 por ser portador da doença e por quebra do “dever de lealdade” (o hotel considera que os trabalhadores são obrigados a comunicar as doenças que têm). Em Março de 2007, o Tribunal do Trabalho caucionou o despedimento. E em Maio, o Tribunal da Relação de Lisboa, num acórdão que o Público cita, afirma que a presença do cozinheiro, na cozinha do hotel, representaria «um perigo para a saúde pública, nomeadamente dos utentes do restaurante», porquanto, afirmam os desembargadores Filomena Carvalho, José Mateus Cardoso e José Ramalho Pinto, «ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida.» O acórdão colide com a razão científica. Há mesmo um parecer, do Centro de Direito Biomédico, que desmente categoricamente o propalado risco: «Não está provado que um empregado de uma cozinha possa, no exercício das suas funções e por causa delas, transmitir o vírus HIV.» E o coordenador nacional para a infecção HIV, Henrique Barros, eximindo-se a comentar a decisão judicial, declarou ao jornal que «do ponto de vista biológico, as conclusões tiradas [o risco de contaminação] nunca foram provadas nem a comunidade científica as considera plausíveis.» Pois. Mas à ciência o tribunal disse nada. Face ao juízo da Relação, o cozinheiro recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça. Infelizmente, estes casos são frequentes. É isto, o século XXI?

25 de Novembro - Há muito tempo que não lia nada que me desse maior esperança. Leio no Público o seguinte: “Sócrates acusa Governo de promover o "maior ataque fiscal à classe média"

O candidato a secretário-geral do PS José Sócrates acusa o Governo de promover o "maior ataque fiscal à classe média portuguesa" através da sua política económica e prometeu que vai combater as medidas anunciadas pelo ministro das Finanças.


Sócrates falava ontem num jantar com apoiantes que reuniu cerca de duas mil pessoas na Covilhã, cidade onde iniciou a sua carreira política.

Para José Sócrates, Bagão Félix "confirmou esta semana que a política económica dos últimos dois anos vai ser paga pelos suspeitos do costume: os trabalhadores por contra de outrem, a classe média portuguesa". "Este é o maior ataque fiscal à classe média portuguesa e o PS vai-se opor a estas medidas porque são injustas", realçou José Sócrates.

O candidato prometeu um Partido Socialista "que não seja apenas uma oposição, mas também uma solução alternativa para os problemas do país" e comentou que a possibilidade de cobrança de portagens nas auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT), como é o caso da A23, que serve a Covilhã, é um erro porque, neste caso, a A23 "não tem um verdadeiro perfil de auto-estrada" e que "não há alternativas" àquela via.

Sócrates rematou as críticas à coligação PSD-PP com o atraso na colocação de professores nas escolas, que considera ser "a maior prova de incompetência do actual governo, num sector absolutamente fundamental para o desenvolvimento do país". O socialista disse que o primeiro-ministro "precisa de dar uma explicação ao país sobre como tamanho escândalo acontece", porque a situação "é um grande desrespeito para com as famílias portuguesas", concluiu.”

“Desci à terra”, o jornal era de 18 de Setembro de 2004

Nova Aliança, 27 / Dezembro / 2007

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