1.1.09

A Avaliação de Professores e o Magalhães

12 de Novembro – AZAR -
Bateu à porta de Miguel Sousa Tavares e entrou. Pelo telhado. Foi ao escritório e pegou num computador portátil, com "toda a vida" escrita, do cronista e escritor de best-sellers.

Sousa Tavares acha, no 24 Horas, que o azar não veio só, mas acompanhado da tramóia que anonimamente o persegue. Por isso, faz um apelo de primeira página, ao Azar , para que lhe devolva o "seu trabalho", prometendo dar tudo o que ele quiser.

Faz bem, duplamente. Desiste de lhe arranjar companhia e ao mesmo tempo, dá-nos a esperança de voltar a ler uma crítica literária de Vasco Pulido Valente.

30 de Outubro - FOME –
Mais de metade das crianças de Timor estão a passar fome. 60% das crianças com menos de 5 anos sofrem de má nutrição crónica. 80% das famílias timorenses não têm comida suficiente. Mais de 70 % dos jovens não tem emprego nem hipóteses de vir a arranjar trabalho.
Isto com independência, democracia, vigiados por soldados australianos e com políticos encharcados em petrodólares. Foi para isto que se montou aquela operação de propaganda mundial em que os políticos portugueses da altura desempenharam um papel decisivo e hoje bem recompensado.
Então e agora!? Não vai uma vigiliazinha por estas crianças timorenses!? Não há quem acenda uma velinha!? E as ONG não dão uma ajudinha? Vá lá! Por Timor Lorosae! Ao menos matem a fome às crianças!
16 de Novembro – TESTE -
Este ajuda avaliadores a descobrir quem é líder. Ora, leiam: Assinale com um F (de falso) ou com V (de verdadeiro): "A ideia de uma relação exclusiva com uma pessoa, durante toda a vida, não me parece desejável nem realista"; "nunca me vestiria de uma maneira vistosa, boémia ou que chamasse a atenção de qualquer outra forma"; "não tenho muito tempo ou paciência para longas reuniões familiares, tais como uma tarde inteira passada a celebrar o aniversário de alguém".
O exercício - constituído por 56 questões - foi proposto no âmbito de uma acção de formação destinada a professores avaliadores de Lisboa sobre o novo modelo de avaliação do desempenho docente.

O objectivo desta "actividade" é ajudar os professores a "reconhecer a importância dos processos de auto-análise no desempenho de funções de liderança", lê-se no documento com a chancela do Ministério da Educação.

O que se pede é que quem está a receber formação (tanto professores avaliadores como avaliados têm recebido formação para se inteirarem do novo modelo) dedique 30 minutos ao teste de Jeffrey Glanz, um autor norte-americano que escreveu, entre outros, o livro “À Descoberta do Seu Estilo de Liderança - Um guia para educadores e professores”, publicado em Portugal pela Edições ASA.

Após o preenchimento, "o documento, dado o seu carácter pessoal, será guardado pelo formando". A ideia é que o professor cruze as suas respostas com a informação que consta de outro documento onde descobrirá qual o seu "estilo de liderança".

"Desde criança que parece que quero mais da vida que as outras pessoas"; "raramente procuro o sossego"; "acredito firmemente que o divórcio se deve tentar evitar sempre que possível"; "procrastino muito"; "fico frustrado por a visão do mundo da maioria das pessoas ser tão limitada"; "a minha casa é mais limpa e organizada que a maioria das casas que conheço"; "sou mais inteligente que a maioria das pessoas e os demais geralmente reconhecem-no"... são algumas das frases nas quais o professor deve reflectir para saber se se identifica com elas.

18 de Novembro – QUEM DÁ E TORNA A TIRAR... OU UM PROBLEMA DE “SOCIALIZAÇÃO” -
Foi só para fotografia. Em dia de visita do primeiro-ministro para a inauguração dos centros escolares de Freixo e Refoios, no concelho de Ponte de Lima, 260 alunos foram expostos nas salas de aula, sentados à frente daquele que seria o seu computador ‘Magalhães’. Só que, logo após as cerimónias da passada quarta-feira, os pequenos portáteis foram recolhidos e encaixotados.
Afinal, nenhum aluno tem ainda o seu computador, ao contrário do que foi anunciado durante a visita liderada pelo primeiro-ministro, que chegou a perguntar aos alunos se estavam "satisfeitos com a prenda" que tinham acabado de receber. José Sócrates sublinhou até "o brilho nos olhos" das crianças.
"Os computadores foram como uma faísca. Vieram e esfumaram--se logo", comentou ontem Artur Correia, pai de um aluno, lamentando que as escolas "tenham levado as crianças a participar numa farsa".
Em declarações à Lusa, a responsável da Direcção Regional de Educação do Norte negou que os portáteis tenham sido retirados, garantindo que apenas estão na escola até que os alunos se socializem com a nova ferramenta.

Nova Aliança, 27 / Novembro / 2008

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