14.9.09

Os exames de Português e Matemática do 9º Ano

14 de Agosto – Já ninguém fica espantado se um professor universitário contar que parte significativa dos seus alunos não sabe as regras básicas da gramática e coloca, por exemplo, uma virgula entre o nome e o verbo. Diga-se que o desconhecimento da Língua já chega aos próprios professores universitários. Uma professora de uma prestigiada instituição de ensino superior de Lisboa deu nota ‘çuficiente’ a trabalhos apresentados por alunos.
Foram conhecidos os resultados dos exames nacionais do Ensino Básico (Português e Matemática). Comparando com o ano lectivo anterior, houve uma diminuição considerável na percentagem de classificações negativas em Matemática (de 44,9% para 36,2%) e um aumento (praticamente uma duplicação!) na de Português (de 16,7% para 30,1%).

Independentemente de se tratar de subidas ou descidas, o que nos deve preocupar talvez acima de tudo é darem-se estas variações: nem se trata de pequenas oscilações, mas sim de autênticos e enormes solavancos.

Há um problema de fiabilidade nestes levantamentos. E, pior ainda, surgem dúvidas sobre a seriedade e a competência das orientações e critérios com que se elaboram os exames. Como se pode avaliar um processo que apresenta toda esta inconstância? É claro que este ministério da Educação não parece preocupado com isso: preocupa-se somente em produzir propaganda disparatada (como a acusação à Sociedade Portuguesa de Matemática [!] pelos maus resultados dos últimos exames, etc.).

Há, nos resultados tornados públicos hoje, um "pormenor" que não deve ser desprezado: veja-se que, tanto em Português que "piorou" muito, como também em Matemática que "melhorou", deu-se um aumento do número de alunos classificados com a nota mais baixa ( nota de 'um' ): de 310 para 700, em Português e, o que é mais espantoso, de 3107 para 3623, em Matemática.

E isto é ainda mais sério, se nos lembrarmos que o aumento é acompanhado por uma diminuição do universo dos alunos examinados: de 94832 em 2007 / 08 para 90184 este ano! Quer dizer, aumentou consideravelmente o número de alunos que praticamente não conseguiram responder a nada ou quase nada dos exames...

Ficar contente com estes resultados é um mau princípio. A escola tem de ser mais exigente, porque o futuro destes jovens vai ser muito competitivo e na vida real se não estiverem preparados terão os empregos menos qualificados e mais mal remunerados. O capital humano é a maior riqueza do País. Se o desbaratamos com uma má educação estamos a ser cúmplices de um terrível erro que prejudicará milhares de jovens e nos empobrecerá a todos no futuro.
A ministra disse que os resultados dos exames devem encher o País de orgulho. É difícil encontrar motivo de júbilo quando praticamente um em cada três alunos do nono ano chumba num exame relativamente fácil. Nenhuma pessoa no seu perfeito juízo se deve alegrar com estes resultados: continuamos com mais de um terço de classificações negativas em Matemática e com uma duplicação vergonhosa das negativas em Português. Ora, o que diz a isto a senhora ministra da Educação? Isto (leiam sentados, por favor):
“Gostava de sublinhar que a larga maioria dos alunos teve nota positiva tanto a Português como a Matemática. Isso deve-nos encher de orgulho. É muito positivo e muito bom para o país.”


Nova Aliança, 4 / Setembro / 2009

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