10.4.07

Correia de Campos, a violência sobre os professores e a História da Europa

26 de Fevereiro - Correia de Campos, ministro da Saúde, relacionou hoje a diminuição do número de mortes nas estradas com o aumento do preço dos combustíveis. Era suposto, pela expressão do ministro, que a afirmação revelasse o seu fino sentido de humor. Apenas fez lembrar o ministro do Ambiente de Cavaco, Borrego. Um governante não deve cair pelo seu mau gosto. Mas pode cair apesar do seu mau gosto. Correia de Campos, a esta hora, deve estar a caminho das urgências. Pode ser que chegue a tempo.

27 de Fevereiro - A verdade é que a Madeira está para o continente como Portugal está para a União Europeia. A única diferença é que a Madeira tem o mesmo líder há 30 anos, o qual tem sabido "sacar" tudo o que pode para a região, ao invés dos sucessivos governos portugueses que insistem em agachar-se perante a Comissão Europeia e demais instâncias comunitárias. Para comprovar o que digo, experimenta substituir no teu texto Madeira por Portugal e Portugal por UE.

1 de Março - Grande protesto pelo país fora contra a violência sobre os professores. Na minha modesta opinião, incompreensível. Durante anos, a «escola centrada no aluno» e os mestres das «ciências da educação» transformaram as criancinhas em monstros irresponsáveis, ignorantes e prepotentes. Quando uma reportagem televisiva mostrou – com imagens cruas – exemplos dessa violência exercida sobre professores pelos alunos do secundário, logo algumas boas consciências protestaram sim, mas contra a captação dessas imagens, não contra a violência, contra «o estatuto do aluno» e outras alegrias do sistema escolar. A escola «centrada no aluno» é uma festa para os sentidos, mas pouco edificante quer em matéria disciplinar quer em matéria científica ou pedagógica, com técnicos do Ministério da Educação que têm das escolas uma vaga ideia, apenas uma «recordação teórica», no fundo uma visão de poltrona. A escola do “eduquês” quer ignorar palavras como «disciplina», «autoridade» e «recompensa». O aluno é o «bom selvagem». Têm aí o que criaram. Aguentem-se…


4 de Março - «A intervenção de José Sócrates, sabe o EXPRESSO, foi decisiva para que Correia de Campos participasse no debate (Prós & Contras). Foi o primeiro-ministro que lhe deu instruções para aceitar o convite e definiu os moldes em que esta intervenção ocorreria. O ministro não estaria na primeira parte do programa, deixando aos técnicos o palco das explicações.»
EXPRESSO, 3 de Março

5 de Março - A importância que têm alguns verbos em dois títulos do Diário de Notícias:

«120 camiões por hora antecipam acessos à Ota»
«Estudar nova localização atrasará novo aeroporto em três anos»

Eis o DN sempre, sempre ao serviço da nação. Não seria de pedir logo o cartão partidário?...

7 de Março - "The futile top model protegée of an aging fashion designer is forced by circumstances to come into her own as a woman of the world. Intriguing but ultimately incomplete, amateurish melodrama from a director who ought to know better; there’s a strong woman’s picture plot and great performances lost in incomprehensible plotting, inept handling and poor photography (shot on digital videMarcadores: subsidio-dependênciaO ICAM deu 648.500 euros ao filme “Vanitas” de Paulo Costa. Teve 493 espectadores. Dá 1315 euros por cada um. Mil trezentos e quinze euros, por extenso. Défice? Desperdício? Naaaaa. País rico, só pode.

8 de Março – Alguém se lembrou agora de um livrinho único de História da Europa. Já imagino as crianças alemãs, portuguesas, espanholas e italianas a festejar versões comuns sobre tudo o que nos divide. Como é evidente, já existe um modelo franco-alemão a servir de inspiração. Em geral, trata-se de uma operação de limpeza muito adequada. Ficaríamos todos felizes e unidos pela mesma constituição e pelo mesmo manual de história da Europa. Felizmente que os dinamarqueses, os suecos e os checos já disseram que não estão disponíveis, ao contrário da Espanha, desejosa de mostrar que existe. Que haja um manual sobre a Europa, distribuído pelas escolas para sensibilizar os jovens e explicar as instituições europeias, sim; mas pormo-nos de acordo uns com os outros e limparmos cirurgicamente da História as vergonhas de cada um, parece-me já um exagero.

9 de Março – Desde manhã que nos lembram ser hoje o "dia internacional da mulher". Esta absurda convenção faz tanto sentido como outros "dias" quaisquer. Os que julgam que com este folclore unem, limitam-se a separar mais um bocadinho. O que segrega as pessoas é a bolsa, o berço, a cabeça de cada um e o politicamente correcto das "quotas". O feminismo exacerbado e disparatado, os "dias de" e o ramo de flores ou a paparoca de circunstância são apenas faces da mesma velha misoginia. Um ser humano é um ser humano que é um ser humano. Não é mais ou menos isso por ser um homem ou uma mulher ou o que ele decidir ser.

Nova Aliança, 19 / 3 / 2007

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