13.2.09

A avaliação e o pretenso relatório da OCDE

28 de Janeiro - Uns senhores que costumam trabalhar para a OCDE fizeram um estudo sobre as políticas educativas. É um relatório de avaliação encomendado e pago pelo Governo. Embora apresentado como “estudo”, ele é antes de mais um relatório. Mas, ao contrário do que fez crer o primeiro-ministro, não é um relatório da OCDE. Mentir é feio, muito feio e a mentira, vinda de alguém com responsabilidades a nível das mais altas hierarquias do estado é mais do que feio, é gravíssimo!
Um parênteses para uma palavra aos Pais e Encarregados de Educação. Pensemos no conceito de escola a tempo inteiro. Será que o que querem para os vossos filhos é que passem cada vez menos tempo com eles?! É isso que desejam realmente?! Sei que se preocupam por terem que trabalhar e não terem onde deixar os vossos filhos, mas é legítimo assumir essa realidade? Não desejariam que este país pudesse regular os horários de trabalho para que pudessem acompanhá-los nos estudos, brincar com eles, conversar, e terem o direito de os ver, muitos de vós sem ser apenas ao fim-de-semana?! Não seria desejável que as políticas educativas pudessem contribuir para estruturar o conceito de família em vez de servir para a destruir? Não será por isso que muitos de vossos filhos se desestruturam afectiva e emocionalmente? Mas não é verdade também que muitos de vós já foram despedidos no final de um contrato a prazo por terem vindo à escola reunir com o Director de Turma?!
É de todo desejável que a Comunidade participe na escola, tenho-o dito vezes sem conta. Há ainda outro aspecto que diz respeito a este relatório - a possibilidade de passar as escolas para as autarquias. É um erro gravíssimo porque deixam de ser os professores, que detêm as competências pedagógicas, a decidir sobre educação e as escolas passam a ser geridas por gestores que pertencem a partidos políticos, que não têm que ter competências na área da educação! Estão a imaginar maior aberração?! Uma escola poder ser gerida por alguém exterior à educação? Conhecem alguém mais competente do que os professores para fazer a gestão de uma escola?
Voltemos ao dito relatório. As fontes documentais são quase todas dos organismos do ME. Os 4 peritos portugueses consultados são todos próximos ou militantes do PS. O documento baseou-se num relatório prévio feito pelo Ministério da Educação. E os 7 municípios ouvidos são todos do PS menos um que é do Major Valentim Loureiro, um independente que gosta de elogiar a ministra da educação. Os peritos internacionais devem ter deixado Portugal a pensar que o país é uma república monopartidária. Ora digam lá: que credibilidade é que este Relatório pode merecer?

Nota 1: os municípios ouvidos foram: Guimarães (PS); Santo Tirso (PS); Amadora (PS); Ourique (PS); Lisboa (PS); Portimão (PS); Gondomar (Independente). Podemos afirmar, sem estarmos enganados, que Valentim Loureiro é o mais socialista de todos os independentes. Os peritos tiveram encontros com diversos parceiros, destacando-se os nomeados Directores Regionais de Educação, entre os quais a sempre disponível Margarida Moreira, da DREN. É impossível não ficar deslumbrado com as reformas do Governo, perante uma tão isenta apreciação crítica.
Depois, os peritos, foram levados a falar com a CONFAP, mas não com a CNIPE. Para o Ministério da Educação, para ouvir os pais, basta reunir com Albino Almeida, que ou deve ter muitos filhos ou então os seus resultados escolares não são famosos, tantos são os anos que leva à frente da Confederação
Os peritos reuniram ainda com as Associações Profissionais ligadas ao Ensino Básico. Foram ouvidos os professores de Inglês, de Educação Física e até do ensino Pré-Escolar. Mas, por algum motivo estranho, não foram ouvidas a Associação de Professores de Português, nem a Associação de Professores de Matemática, nem a Sociedade de Professores de Matemática.
É insólito, se atendermos à importância que estas disciplinas têm no ensino básico.
Afastando os "observadores" internacionais dos "dissidentes", as avaliações e inspecções externas serão sempre muito positivas. Afinal, o envolvimento da OCDE no relatório fica-se pelo prefácio. O Governo, que encomendou o Estudo e escolheu os peritos, convidou também a "Deborah" da OCDE para assinar o prefácio.

Nota 2: Nelson de Carvalho não se recandidata a novo mandato. Perante a dúvida do seu futuro a curto prazo, tenho uma sugestão: preocupado como está com a posição das escolas da cidade no ranking nacional e defensor do actual estado de coisas a nível de educação, que tal regressar à sua antiga escola e integrar a “bolsa” de professores que assegura as “aulas de substituição” aos alunos. Isso sim, seria de mestre…

Nova Aliança, 5 / 2 / 2009

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